Esse é o espaço para divulgação do projeto cultural CINE BAIRRO que visa levar cinema nacional para as cidades e bairros desse nosso nordeste brasileiro
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
"CORAÇÃO REVOLUCIONARIO" LEVA PREMIO NO II JAMPAVIDEO
CORAÇÃO REVOLUCÍONARIO LEVA UM DOS PRINCIPAIS PREMIOS NO II JAMPAVIDEO "MELHOR ATOR" PARA THIAGO RODRIGUEZ.
O NOSSO CURTA "CORAÇÃO REVOLUCIONARIO" LEVOU NA NOITE DA ULTIMA SEXTA FEIRA DIA 31 DE AGOSTO, UM DOS PREMIOS PRINCIPAIS DO II JAMPAVIDEO FESTIVAL DE CURTAS METRAGEM PROMOVIDO PELO SEC-PB.
"THIAGO RODRIGUEZ"LEVOU O TROFÉU DE MELHOR ATOR PELA ATUAÇÃO MAJESTOSA EM UM CURTA DE ROTEIRO DELE E DIREÇÃO DE "DERY ALVES"
ESTAMOS FELIZ E DEDICO ESSE PREMIO A TODOS QUE ACREDITARAM E EM ESPECIAL A DOIS CARAS: DERY ALVES QUE DIRIGIU O CURTA E TAMBEM FILMOU PASSANDO POR CIMA DAS ADVERSIDADES QUE ENFRENTAMOS, DE PEGAR UM ROTEIRO COMPLEXO ESCRITO POR MIM EM 2004 E AGRADEÇO TAMBEM AO GRANDE ATOR "LEONARDO MEDEIROS" NO QUAL ADIMIRO COMO ATOR NACIONAL(FILMES:CABRA-CEGA E NÃO POR ACASO) E AO PESSOAL DO BAIRRO DE TAMBAY NA CIDADE DE BAYEUX QUE SEMPRE ACREDITOU NO NOSSO PROJETO(FAMILIA, AMIGOS) ESSE PREMIO É PRA TODOS VCS E SAIBAM QUE MESMO SEM GRANDES RECURSOS E CONCORRENDO COM QUASE 40 CURTAS PARAIBANOS QUE POR SINAL SÃO DE MUITA QUALIDADE. CHEGAMOS E CONTINUAREMOS A CAMINHAR EM BUSCA DO SOL, OUTROS VIRÃO!!!!!
QUEM QUISER O CURTA PARA EXIBIÇÕES EM CINECLUBES É SÓ LIGAR:
83 88136984 (THIAGO) OU cinebairro@hotmail.com
e quem for da cidade de BAYEUX é so ir na casa de DERY e marcar uma locação gratuita
(83) 32323637 (DERY)
sexta-feira, 17 de agosto de 2007
PERSONA DO CINEASTA "INGMAR BERGMAN"
de Ingmar Bergman
O FILME COMO UM FILME
O filme conta a história de Elizabeth Vogler, uma atriz que surta durante a apresentação da tragédia Electra, como conseqüência, Elizabeth repousa em uma clínica psiquiátrica. A médica responsável conclui que sua estadia na clínica não surte resultado e assim a manda junto com uma enfermeira, Alma, para sua casa de praia esperando que o isolamento fosse uma maneira de curar o estado da Sra. Vogler que enclausura-se em si mesma e recusa-se a falar.
Elizabeth é atriz, uma profissão na qual a pessoa é obrigada a incorporar vários personagens e personalidades. Esta aquisição causa a perda ou desconhecimento de sua persona original. Assustada, Elizabeth, cansada de mentir, se fecha em um mundo silencioso afim de encontrar a sua verdadeira persona.
Alma é enfermeira calma e introvertida que fala a penas o necessário, no entanto ao chegarem a casa de praia verifica-se uma inversão de papeis. Alma acolhe a personalidade da atriz antes extrovertida e Elizabeth assume a personalidade de Alma caracterizada por sua introspeção que se comunica apenas através de gestos e olhares.
Em determinado momento, Alma lê uma carta de Elizabeth a qual revela suas confidências gerando o conflito do filme. Há uma discussão entre ambas e suas personalidades confrontam-se acontecendo assim uma fusão de personas transmitindo a idéia de que há apenas uma pessoa.
POESIA VISUAL / O Imaginário Bergman
O filme abre com uma poesia imagética que simboliza, de forma metafórica, o ciclo da vida. O nascimento é representado pelo início do funcionamento de um projetor de cinema. Duas pequenas resistências deste projetor, que em contato entram em incandescência, nos remetem ao fogo da vida. As imagens iniciais projetadas pela máquina mostram as pequenas mãos de uma criança e um desenho animado onde o personagem utiliza suas mãos para molhar o rosto. Bergman, em vários outros momentos do filme, irá utilizar as mãos como representações da identidade humana. Neste momento, as jovens mãos indicam o período da infância, enquanto o movimento de levar as mãos ao rosto, utilizado na animação, mostra a formação da identidade de um indivíduo.
Na seqüência seguinte, grades e neve caracterizam o momento que a identidade está formada. A delimitação de um perímetro e a idéia de confinamento expressam os mecanismos de preservação desta identidade. Esta reclusão ocorre com o intuito de manter afastada qualquer influência exterior que não seja desejada, porém a utilização do som de água gotejando mostra que, por mais fechada esta identidade esteja, ela não fica totalmente vedada e algo externo pode acabar invadindo seu interior. Outra interpretação que pode ser feita para o gotejar, é de que algo fugiu de seu curso natural e tal fato ocorre na vida das personagens do filme, quando ambas passam por uma gravidez indesejada ou
quando a enfermeira Alma resolve contar para sua paciente a respeito de uma orgia que viveu.
O plano seguinte desta composição poética mostra um carneiro sendo sacrificado, o que simboliza as renúncias que devem ser feitas ao longo da vida, na tentativa de preservar sua identidade. Logo em seguida, duas mãos são crucificadas numa alegoria a uma punição que esta identidade irá sofrer. A crucificação também pode ser interpretada como o momento em que o indivíduo abandona sua identidade e busca desenvolver uma nova. A postura da personagem Elizabeth de não falar mais, é uma tentativa de formação dessa nova identidade.
A ANÁLISE
Persona é um filme de dualidades:rosto-máscara, realidade-aparência, eu-outro, real-imaginário, silêncio-palavra, vida-morte, criança-adulto, interior-exterior, mar-terra, chuva-sol, dia-noite, luz-sombra, claro-escuro, preto-branco, corpo-alma, filme-realidade.
Persona apresenta duas personas de uma mesma pessoa.Persona, segundo a linha psicanalítica de Jung, é a mascara com a qual nos apresentamos ao mundo. E através dela nos relacionamos com os outros. A persona inclui papéis sociais, tipo de roupa e estilo de expressão pessoal. O termo persona deriva da máscara usada pelos atores no teatro grego.
A persona pode ter aspectos positivos e negativos. Ela serve para proteger o Ego e a psique das diversas forças e atitudes sociais que nos invadem. Nesse caso, o indivíduo adota conscientemente uma personalidade artificial ou mascarada, contrária aos seus traços de caráter, para se proteger, se defender ou para tentar se adaptar ao seu círculo.
Quando estamos isolados, em silêncio, sozinhos, nossa persona se manifesta de modo distinto de quando estamos na rua, no trabalho. Há assim uma persona para o convívio social e outra para quando estamos sozinhos.
No filme, há duas individualidades em confronto, duas personalidades e angústias: Alma e Elizabeth. Ela parece viver com sua persona de isolamento, sem comunicação, enquanto Alma demonstra a persona do convívio social.
A atriz que toma subitamente consciência da mentira em que vive, e rejeita a própria voz. Ela não quer mais mentir, não quer criar mais personas, pois ao se comunicar ela já cria uma mentira do que ela é. Ela não quer faltar à verdade.
Pode-se dizer que Alma e Elizabeth formam duas personas de uma mesma pessoa. Há primeiro uma comparação com as mãos, que podem significar a individualidade, depois as duas faces, por fim a junção. A simbiose se concretiza na tela pela fusão das duas faces num mesmo rosto. Elizabeth se apodera da personalidade de Alma, formando as duas mentes de um mesmo ser.
Como um psicólogo, a senhora Vogler ouve Alma atenciosamente durante a estadia na praia. Deixa que fale de si e ao mesmo tempo aprenda a se conhecer, como numa sessão psicanalítica. Despida de seu uniforme de enfermeira, sua persona se transforma, dando lugar a outra. Mas Elizabeth também passa a conhecer Alma e estudar sua persona. Há aqui uma troca de papéis: a enfermeira faz o papel de paciente, e esta por sua vez faz o papel da médica. Elas primeiro trocaram suas máscaras e depois subitamente dividiam a mesma máscara.
Segundo a teoria psicanalítica de Freud, há uma identificação de Elizabeth com Alma: a primeira quer se tornar parecida com a segunda. Como as duas são muito diferentes, elas parecem se completar, como se Elizabeth fosse o Superego, evitando mentir, e Alma fosse o Id, totalmente instintiva. Assim elas se completam, formando o Ego da atriz.
Na cena em que aparecem as duas meias faces estoura a esquizofrenia de Alma, sua linguagem se desagrega e ela percebe que a outra mulher se projeta nela, com ela. As palavras param de existir e a agressividade de Alma atinge um nível tal que ela não utiliza mais as palavras. Elizabeth, que agora é atriz e enfermeira, apresentando-se como Alma: essa luta de personalidades, para tentar entender seu novo papel, gera a esquizofrenia. Elizabeth não tem o texto completo de seu papel e fica buscando palavras para se expressar com esta persona. Mas, como todo ator, ela se alimenta de seu personagem, como um vampiro, um parasita, no filme explicitado pela cena em que chupa o sangue de Alma.
O filme também trata da questão realidade/ilusão. A todo instante, o diretor tenta nos lembrar de que estamos assistindo a um filme. O projetor que olha diretamente para nós, a película que se rasga, a imagem da atriz no estúdio. Somos lembrados de que isso não é realidade: uma ilusão, uma mentira. A ilusão também aparece quando, assim como alma, não sabemos se Elizabeth aparece ou não durante a noite. Se ela grita ou não de medo. A única cena em que Elizabeth fala é aquela em que alma ameaça jogar água fervente da panela. O medo a faz reagir. Diante dessa nova situação, Elizabeth desfaz-se da primeira persona e estabelece uma nova para se defender. Nessa parte do filme, Elizabeth não é mas ela – é ela e alma. E com duas personalidades dentro de uma pessoa, estabelece-se um conflito.
Pode ser dito que o filme aborda a questão do conflito. Elizabeth tem um conflito interno que gera sua atitude de não mais falar. Este por sua vez acaba criando um conflito externo com Alma, que reage com agressividade. Os fatores externos tentam se infiltrar: a chuva na casa representa Elizabeth tentando ultrapassar a persona de Alma.
Os indivíduos, na vida real, têm de conviver com a “troca” de personas para adaptar-se e ser aceito em diversos meios sociais. Uma atriz (utiliza-se a palavra no gênero feminino em virtude do papel vivido por Liv Ullman) convive com esta troca e tem de interpretar inúmeros personagens e, por conseguinte, diferentes personalidades.
Na obra de Bergman, pode-se compreender o súbito mutismo de Elizabeth como uma perda ou um possível esquecimento de sua identidade, a questão
principal do filme. Afim de evitar maiores explicações à sociedade, já que é uma pessoa pública, a atriz esconde-se dentro de si mesma rejeitando qualquer forma de diálogo, provavelmente para que não precise mentir ou desculpar-se. Sua recusa à comunicação oral, então, transforma-se num escudo protetor.
O silêncio de Elizabeth incita a fala de Alma, a enfermeira encarregada de assisti-la, que inicialmente é introvertida. Tenta deixar o caso da atriz alegando não ser experiente o bastante para tratar de alguém em boas condições físicas e mentais. Ao permanecerem sozinhas na casa de praia da médica, a individualidade de ambas é confrontada e, a prestativa Alma, passa a falar desconcertadamente, a fazer confissões a Elizabeth as quais não condizem com seus princípios e com a forma que sua personalidade nos é apresentada.
A assimilação de Alma para com a personalidade até então, enigmática de Elizabeth, acaba por favorecer a troca de papéis: a atriz anteriormente analisada passa a analisar a enfermeira, nutrindo-se de sua resistência ao diálogo, quanto mais fechada em seu silêncio, mais obtém informações de Alma.
A inversão de papéis origina a real troca de personalidades, fato que nos remete novamente a Jung ao tratar da “sombra” no plano do inconsciente. Constitui-se ao material rejeitado pela persona do indivíduo como desejos, tendências, memórias ou experiências. Quanto mais forte a persona maior o repúdio a estes materiais. As pessoas que, por determinado motivo não reconhecem suas “sombras”, tendem a projeta-las em outros ou deixam-se dominar por ela sem que percebam.
É possível que Alma desconheça a sua “sombra” e, influenciada por Elizabeth, revele atos do passado, os quais são incompatíveis com sua persona. Ao longo da história, quando as personalidades fundem-se, Alma projeta a sua “sombra” em Elizabeth insultando-a constantemente.
A “sombra” de Elizabeth é revelada por Alma quando esta relembra sua aversão por seu filho. São memórias indesejáveis, à persona da atriz que, domina a personalidade da enfermeira.
A transformação em imagens da revelação do objeto de desejo de Elizabeth (a personalidade de Alma, pois projeta nela a sua própria) é vista no momento em que esta suga o sangue do braço da enfermeira.
De acordo com o método Stanilslavsky, o ator tem de ser o parasita da personagem para o seu êxito futuro e verossimilhança. O ato da senhora Vogler (já que interpretava um papel diante de Alma, ou melhor, utilizava uma de suas personas) nutre-se literalmente do produto que o outro possui e , no caso de Alma, não quer ceder.
Bergman nos remete durante todo o filme a questões teatrais e cinematográficas. Ainda no âmbito do teatro, Elizabeth deixa de falar enquanto interpretava Electra de Sófocles. O autor certamente não optaria por esta tragédia por mero acaso.
A personagem Electra é rejeitada pela mãe, nutre ódio pela mesma e tem grande amor pelo pai, por quem deseja vingar a morte. Elizabeth tem um filho somente para saciar o desejo daqueles a sua volta – e também para representar mais um papel de “mulher completa” – tenta livrar-se sem sucesso do feto e a criança possui um amor doentio pela mãe. Este fato pode aludir ao complexo de Édipo freudiano pelo fato do bebê ser do sexo masculino.
As semelhanças são invertidas: Elizabeth é a mãe que não deseja o filho, enquanto Electra é a filha rejeitada pela mãe. Resgatando novamente as teorias da personalidade de Jung, é possível interpretar o filho da atriz como sua “sombra”, já que foi recusado por sua persona.
Em se tratando de objeto de desejo, este muda na evolução da história para as duas protagonistas. Elizabeth quer encontrar sua identidade, busca pela verdade. Alma deseja ser Elizabeth, manifesta sua vontade quando diz “poderia me transformar em você se tentasse” logo após revelar uma orgia que viveu numa praia.
Justamente o relato dessa orgia marca a transposição de personalidades, no momento em que Alma descobre que uma parte muito íntima de sua vida e, que ela havia compartilhado com Elizabeth, estava sendo banalizada numa carta escrita pela paciente e direcionada para sua médica. Tal descoberta é representada com a mesma interferência sonora do gotejar, recurso utilizado anteriormente na poesia visual, e que caracteriza a fuga de uma parcela muito importante de sua vida: o “vazamento” de algo que até então se encontrava muito interiorizado na personalidade da enfermeira.
As duas estabelecem uma grande proximidade sugerindo, inclusive, uma paixão entre as duas, mostrada com muita sutileza pelo diretor (fato que torna ridículo e apelativo o título “Quando Duas Mulheres Pecam” em português). A ligação intensifica-se e ocorre a inversão de personas: Alma passa a agir como Elizabeth, dizendo, tudo o que a persona da atriz jamais aceitou.
REPRESSÃO NO DESEMPENHO
De acordo com o termo persona, o indivíduo cria uma forma de se apresentar ao mundo; seja através de atitudes, seja através de pertences pessoais. Relacionamo-nos socialmente através dessa máscara. No Capitalismo, o Princípio da Realidade sofre uma atualização. O indivíduo não mais busca sua felicidade e prazer livremente; o Princípio do Desempenho, criado pelo filósofo Herbert Marcuse, destaca a competitividade na luta pela sobrevivência como mais um obstáculo nesse objetivo. Enfim, as personalidades das pessoas estavam se modificando.
Atualmente, nota-se uma supervalorização da persona em relação ao Ego. A estrutura psíquica se altera de acordo com a máscara social. No filme de Ingmar Bergman, a personagem de Liv Ullman, a atriz Elizabeth Vogler, também sofre essa repressão da sociedade, contudo, seu Ego é prejudicado com a escolha
entre sua carreira e a presença de um filho. Acaba se decidindo ter um filho e fazer com que o período de gravidez se torne um novo patamar em sua carreira e, assim, enriquecer sua persona; impressionando a todos, menos ela mesma.
Com o nascimento de seu filho, Elizabeth sente desprezo e repulsa em relação àquela criatura que surgira de seu pseudo-amor e de seu corpo. Criara uma vida somente para alimentar sua sede de sucesso e bem estar social. Seu status quo se elevara. Elizabeth se tornara um modelo indentificatório para as massas como havia planejado, mas a que preço? Tal abalo, leva-a a perder sua verdadeira identidade perante as inúmeras personas que decide viver como atriz. Algum tempo depois, durante uma interpretação de "Electra", decide parar de falar, como se isso cessasse todas as mentiras que viveu e que poderia viver. Parte então para uma busca de seu verdadeiro eu.
Internada num hospital psiquiátrico, Elizabeth Vogler se fecha em seus pensamentos, mas tudo muda com a entrada da enfermeira Alma na cena, pois essa companhia acaba por atrasar a reconstituição da estrutura psíquica da Sra. Vogler. Ao permanecer sozinha, o Ego supera a persona, já que não há relacionamentos sociais. Por se tratar de uma profissional 'ouvinte passiva', a enfermeira tem a oportunidade de revelar seu Ego à sua paciente. Esta a estuda com um papel, uma nova personalidade que naturalmente acabará absorvendo.
terça-feira, 7 de agosto de 2007
35º Festival de Cinema Gramado traz novidades
O Festival de Cinema de Gramado 2007, que acontece entre os dias 12 e 18 de agosto na Serra Gaúcha, traz algumas novidades em sua 35ª edição, a começar pela duração do evento, que se entendeu em um dia em relação aos anos anteriores.
Lista dos filmes selecionados no Festival de Gramado
A assessoria do 35º Festival de Cinema Gramado divulgou a lista dos selecionados para o evento neste ano, que acontece entre os dias 12 e 18 de agosto na Serra Gaúcha. Onze filmes vão participar da mostra competitiva, entre longas nacionais e estrangeiros, e 13 filmes integrarão a mostra de curtas nacionais.
O Brasil concorre ao Kikito (prêmio máximo do Festival) com Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais, de Carlos Prates; Condor, de Roberto Mader; Deserto Feliz, de Paulo Caldas; Olho de Boi, de Hermano Penna; Otávio e as Letras, de Marcelo Masagão e Valsa para Bruno Stein, de Paulo Nascimento.
Confira a lista:
Longas brasileiros
- Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais, de Carlos Prates
- Condor, de Roberto Mader
- Deserto Feliz, de Paulo Caldas
- Olho de Boi, de Hermano Penna
- Otávio e as Letras, de Marcelo Masagão
- Valsa para Bruno Stein, de Paulo Nascimento
Longas latinos
- Cocalero, de Alejandro Landes
- El Baño del Papa, de Enrique Fernández e Cesar Charlone
- O Cobrador, de Paul Leduc
Curtas em 35mm
- A Peste de Janice, de Rafael Figueiredo
- A Psicose de Valter, de Eduardo Kishimoto
- Alphaville 2007 D.C., de Paulinho Caruso
- Balada do Vampiro, de Estevan Silvera e Beto Carminatti
- Cine Zé Sozinho, de Adriano Lima
- O Livro de Walachai, de Rejane Zilles
- O.D. Overdose Digital, de Marcos DeBrito
- Oficina Perdiz, de Marcelo Díaz
- Passo, de Alê Abreu
- Perto de Qualquer Lugar, de Mariana Bastos
- Saliva, de Esmir Filho
- Satori Uso, de Rodrigo Grota
- Sete Vidas, de Marcelo Spomberg e Zé Mucinho
Mostra gaúcha
- A Peste de Janice, de Rafael Figueiredo
- Acerto de Contas de Luiz Rangel, de Luiz Rangel, Ivan Elias Oliveira e Luciana Amorin
- Casa Textor, de Marcos Holsbach de Souza
- Original O Filme, de Gustavo Tissot
- Os Vampiros Também Amam, de Nico Fagundes e Rosalinda
- Placebo, de Marcelo Restori
terça-feira, 24 de julho de 2007
"BAIXIO DAS BESTAS" NOVO FILME DE CLÁUDIO ASSIS
O Baixio das Bestas é o lugar símbolo das confluências humanas. Uma pequena comunidade entranhada dentro de uma cultura secular e paralisada em sua autoridade e em sua moral: a decadente cultura latifundiária. Pequenos centros urbanos que cercam o nosso vilarejo irradiam a idéia de futuro. Uma tosca idéia de possibilidades. Um pobre conceito de riqueza.
Nesse cenário se passa a história de Auxiliadora, Seu Heitor e Cícero. Ela, uma menina de 13 anos explorada pelo velho avô, Seu Heitor, um moralista ambíguo, que em tudo vê falta de autoridade mas ganha dinheiro explorando sua neta. Por sua vez, Cícero, um jovem de uma conhecida família local, que assiste ao drama de Auxiliadora e cria por ela uma paixão insustentável.
Do enfrentamento de Seu Mário e Cícero será decidido o destino de Auxiliadora. A menina de olhos brilhantes e encabulados que está no meio da disputa. Qual a saída? Qual o desejo?
Armando uma arena de combate no meio do canavial, o Baixio das Bestas serve como centro nervoso da ação. Aqui o que interessa não é constatar uma situação, mas problematizar as relações e sugerir narrativas a partir delas. É humanizar as questões e aprofundar o cotidiano desse núcleo. É dimensionar a existência além da aparência das coisas e fraturar a cômoda situação de espectador passivo diante dos fatos.
O profeta da degradação Cláudio Assis, autor de 'Baixio das Bestas', diz que cinema não é só para se comer pipoca e beber Coca-Cola |
Márcia Carvalho
Da Redação
Em torno de um engenho de cana desativado, uma adolescente é explorada sexualmente pelo avô, enquanto jovens da classe média do local se reúnem num cinema abandonado para barbarizar mulheres. O cenário de decadência e estagnação determina a ação dos personagens de Baixio das Bestas, que estréia hoje em Belém, às 20h30, no Cine Estação. Entre eles está a paraense Dira Paes, que interpreta uma prostituta, e ainda Caio Blat e Matheus Nachtergaele. O filme é de Cláudio Assis, o Lampião do cinema brasileiro. Indigesto, provocativo e não afeito a regras, o diretor pernambucano agitou o cenário do cinema nacional quando estreou em 'Amarelo Manga' (2002), anti-cartão postal de Recife com personagens atípicos, mas impregnados de realidade.
Na próxima semana, Cláudio Assis começa a filmar o documentário 'Eu vou de volta', sobre famílias que se iludem e embarcam rumo ao Sul Maravilha. 'Vamos acompanhar pessoas ainda iludidas, e outras desiludidas', antecipa o cineasta em entrevista exclusiva, por telefone, do Rio de Janeiro. Em 2008 será a vez da ficção 'Febre do Rato', sobre os poetas marginais, fechando sua trilogia iniciada com 'Amarelo Manga', que conquistou cerca de 40 prêmios. Polêmicas à parte, 'Baixio das Bestas' já tem seis vitórias, no Brasil e no exterior. Se o mundo não tem mais remédio, Cláudio Assis é o profeta da degradação humana.
Diretor diz que persegue a reflexão
Para pensar - Cláudio Assis contesta críticas de que criou um fetiche da violência brasileira
Quem não quer se molhar, não sai na chuva', diz Cláudio Assis, ao responder às críticas dos que o rotulam como um cineasta da sordidez brasileira.
No novíssimo cinema brasileiro, o desencanto venceu a esperança?
Como desencanto? Num País em que o presidente do Congresso é ladrão comprovadamente, o irmão do presidente fica impune... Não tem desencanto, é a realidade. 'Baixio das Bestas' é um filme atualíssimo. Você viu o que os garotos da Barra da Tijuca fizeram? São os agroboys, é assim que acontece. Não tem desencanto, não tem nada, é a vida. Ou a gente reage ou está fadado a ver nossas famílias se f...
O crítico Ismail Xavier qualificou o filme como 'uma estação no inferno', mas as imagens têm uma beleza extraordinária. Qual a contribuição do diretor de fotografia Walter Carvalho?
Sempre trabalhei com o Walter Carvalho. Ele contribui tanto de uma forma técnica quanto intelectual. É importante o olhar do fotógrafo, assim como a presença do ator. É um conjunto de coisas que a gente preza. Sem dúvida, ele é um grande parceiro, quem trabalha com ele sabe disso. E num filme como 'Baixio', que é uma opção mais radical, de querer fazer, mais do que uma estética qualquer, vale a relação de amigos mesmo.
Em Brasília, onde o filme saiu vencedor, houve aplausos e vaias. 'Baixio' é mesmo um filme sem meio-termo?
É um filme para se pensar, não é um filme de triângulo amoroso. Hoje o cinema brasileiro está viciado em triângulo amoroso. A Globo Filmes pede isso, quer que se faça. A vaia não é culpa dessas pessoas, mas de todo um sistema que favorece isso, que deseduca o olhar. As pessoas não têm paciência, acham que cinema é só para comer pipoca e beber Coca-Cola. Filmes como 'Baixio' e 'Cão sem Dono' fazem com que as pessoas pensem. Cinema é pra gente refletir sobre nós mesmos, para que a gente mude. É como um livro, um poema. Mas acho ótimo que tenha vaias, o filme não foi feito para agradar todo mundo. Acho que hoje não existe mais cinema de arte, como fizeram Felinni, Pasolini, Bergman, Buñuel. O que existe é uma deseducação da platéia - e no Brasil mais ainda, onde o cinema custa de R$ 18 a R$ 20. Então mesmo quem quer se educar não tem condições. Infelizmente essa é a nossa realidade.
Como você responde às críticas de que fetichizou a violência?
Isso é conversa! Estivemos há 15 dias no Recife, onde o filme está em cartaz há sete semanas, para um debate com organizações governamentais e não-governamentais, como Conselho Tutelar, Casa de Passagem, e foi sensacional. Elas pediram que eu cedesse o filme para debate nas comunidades da periferia. Pra que resposta melhor? Esses idiotas maltratam as mulheres e depois ficam me acusando. Estou denunciando e eu sou o réu? (risadas). Que engraçado!
A crítica o vê como o melhor cineasta brasileiro especializado em personagens e situações sórdidas. Você não tem medo de ficar rotulado?
Eu não tenho medo, não. Quem não quer se molhar não sai na chuva. Estou falando de uma coisa verdadeira, na qual eu acredito, os atores acreditam, as pessoas sérias e honestas acreditam e respeitam. Não quero agradar, fazer concessão. Se você não tem personalidade, não encontra respeito. No cinema não tenho medo de nada e nem de ninguém. Que me rotulem! Um dia vão perceber que são idiotas.
Dira Paes também esteve em 'Amarelo Manga' e agora em 'Baixio'. Qual a sua relação com a atriz?
Você já viu a Rolling Stone dessa semana? Tem uma entrevista com ela, linda e maravilhosa. A Dira é uma deusa, que representa a mulher brasileira de forma belíssima. É uma pessoa verdadeira, inteligente, muito séria e de uma generosidade maravilhosa, que vai fundo no personagem. Ela fez uma crente em 'Amarelo' e agora uma prostituta em 'Baixio'. Amo as duas, não sei qual é a mais linda. Só tenho elogios para a Dira, sou até suspeito para falar.
Você defende a criação de salas de cinema menores, na periferia, para a exibição de filmes que não se encaixam no circuitão comercial. Acredita que o governo Lula fará isso?
Só não faz se for bobo. Se não fizer a gente vota no Morales (risos). Tem que ter alguém de coragem que faça cinema a R$ 1. Não dá para continuar assim, com três filmes ocupando 80% das salas. 'Homem-Aranha 3' expulsou 'Baixio', expulsou 'Cartola' e diversos filmes brasileiros. Aqui não tem dono da casa. Veja o BNDES incentivando sala de cinema de shopping center. Quem ganha R$ 350 não vai nesse cinema e está certíssimo em comprar DVD pirata, porque você compra o filme a R$ 5 e ele é teu. No Brasil somos forçados a fazer isso, somos forçados a ser escrotos.
Serviço: 'Baixio das Bestas', de Cláudio Assis (18 anos). EM CARTAZ NO MAG SHOPPING SALA 01 EM JOÃO PESSOA
sábado, 9 de junho de 2007
NASH LAILA A MAIS NOVA ESTRELA DO CINEMA NACIONAL
sexta-feira, 8 de junho de 2007
PRIMEIRO SANHAUARTE
Fica aqui o aplauso para os seus realizadores,
"JORNAL BAYEUX AGORA,
CINE BAIRRO,
CASA DE CULTURA LÚCIO LINS E O FOLIA DE RUA"
terça-feira, 5 de junho de 2007
O CINEMA NA PARAIBA
O cinema paraibano ganhou vulto com a obra de Walfredo Rodriguez, que realiza em 1923 o documentário Carnaval Paraibano e Pernambucano, e inicia em 1924 Sob o Céu Nordestino, considerado seu mais importante trabalho. Concluído em 1928, veio a se constituir, na opinião de críticos e cineastas, num marco etnológico dentro do cinema brasileiro, por retratar pioneiramente e sem exoterismo a cultura popular nordestina. Tal feito rendeu-lhe o título de Pai do Cinema Paraibano. Da obra restaram alguns fragmentos, utilizados por Wladimir Carvalho em Homem de Areia.
Com a introdução do som, cessou a atividade cinematográfica no Estado, havendo lenta retomada com a criação, pelo governador José Américo de Almeida, do Serviço de Cinema Educativo em 1955, cujos filmes estavam a cargo de João Córdula, e com o movimento cineclubista. Com a criação do primeiro cineclube, 1952-1953, iniciativa de José rafael de Menezes e dos padres Antônio Fragoso e Luís fernandes, surgiu um pólo aglutinador das discussões teóricas e estéticas em torno de um cinema paraibano. Como conseqüência, aparece em 1955 a Associação dos Críticos Cinematográficos da Paraíba (ACCP), contemporânea da Universiidade Federal da Paraíba (UFPB).
O final da década de 50 foi marcado, sobretudo pela constituição de uma nova cinematografia, embrião imediato do chamado cinema novo. Foi o momento da realização de Aruanda (1959-1960), de Linduarte Noronha, e da deflagração do Ciclo do Documentário Paraibano, que durou de 1959 a 1979. Aruanda representou a afirmação do cinema paraibano no panorama nacional e impulsionou a produção no Estado, especialmente a documental. Despontal nomes como Wladimir Carvalho (O País de São Saruê, Conterrâneos Velhos de Guerra), João Ramiro de Melo (Romeiros da Guia, O Sósia da Morte), Ipojuca Pontes (Poética popular, os Homens do caranguejo) e muitos outros. Linduarte ainda realizou ,mais dois filmes: o curta documental O Cajueiro nordestino (1962) e o longa ficcional O Salário da Morte (1970).
A década de 60 contabilizou considerável aumento da produção de filmes, levando-se em conta as dificuldades para obtenção de equipamentos, recursos e profissionais especializados. A maior parte dos filmes foi feita por equipes integradas por no máximo quatro pessoas. As dificuldades iriam se acentuar com o tempo e nos aos 70 os principais protagonistas do ciclo deflagrado em 1959 migrariam para outros estados. Em movimento contrário, a cultura e a literatura paraibanas atrairiam, na mesma época, cineastas do Sul do país, resultando em três longas-metragens de ficção: Menino de Engenho, de Walter Lima Jr., feito em 1965 a partir da obra de José Lins do Rego; Soledade, filmado por Paulo Thiago em 1976 com base em A bagaceira, de José Américo de Almeida; e Fogo Morto, rodado por Marcos Farias no mesmo ano, adaptação da obra homônima de José Lins do Rego.
O movimento local se reanimou com a realização da VII JORNADA BRASILEIRA DE CURTA-METRAGEM, em 1979, durante a qual se discutiu a criação de um pólo cinematográfico paraibano, o que nunca aconteceu, apesar do prometido financiamento da EMBRAFILME e do governo do Estado.O que de concreto a jornada produziu foi a criação do Núcleo de Documentação Cinematográfica (NUDOC). Graças a um convênio de cooperação técno-cultural feito entre a UFPB e o Centro de Formação de Cinema Direto de Paris (Association Varan), que previa a implantação de um ateliê de cinema direto de João Pessoa e o estágio dos alunos locais na capital francesa, o NUDOC conseguiu comprar equipamentos áudio-visuais, tornando-se co-produtor de vários filmes realizados no Estado nos anos 80. O projeto, que tinha a sua frente o diretor do Comitê de Filme Etnográfico da França, Jen Rouch, consistia na aquisição de um sistema completo de produção em bitola Super-8. A proposta acabou por dividir os cineastas locais, que acreditavam as metas estabelecidas pos Rouch divergiam das propostas traçadas pela geração documentarista dos anos 60. Estes viam no NUDOC a possibilidade da retomada da produção em bitolas mais profissionais. Foi nesse clima de desencontros consensuais que a Paraíba inaugurou a fase chamada de superoitista.a bitola amadora dinamizou o processo de produção, permitindo aos novos cineastas uma experimentação mais intensa da ficção. Pouco antes, a cidade de campina Grande havia se tornado um razoável pólo de produção e discussões cinematográficas. Esta girou em torno da criação do Cinema de Arte e contou com nomes como Bráulio Tavares, José Umbelino Brasil e os irmãos Rômulo e Romero Azevedo. Aquela teve em Machado Bittencourt e na sua CINÉTICA FILMES LTDA, um dos raros estúdios cinematográficos do país especializados em 16 mm, uma base segura para realização de diversos curtas experimentais e dois longas de ficção, Maria Coragem (1977) e O Caso Carlota (1981). Machado foi ainda um dos fundadores da Fundação nordestina de cinema (FUNCINE), fechada com a extinção da EMBRAFILME em 1990.Ao longo dos anos 80, com o apoio da FUNAPE, órgão vinculado à UFPB, realizaram-se ainda alguns curtas documentais e semidocumentais na mesma bitola 16 mm. Cinema Paraibano 20 Anos (1983) e Nau Catarineta (1987), ambos de Manfredo Caldas; Parahyba (1985), de Machado Bittencourt; 24 Horas (1986), de Marcus Vilar, Itacoatiara - a Pedra no Caminho (1987, de Torquato Joel; Carnaval Sujo (1987-19880, Palácio do Riso (1989) e Reino de Deus (1989), este da cineasta Vânia Perazzo, em co-produção com a Bulgária. Vilar, Joel e Perazzo foram formados pelo Ateliê Varan de Paris.
A década de 90 apresenta novamente uma queda acentuada na produção. O único filme apresentado é Viagem a São Saruê, de João de lima e Everaldo Vasconcelos, iniciado em 1987 e concluído em 1995.
segunda-feira, 4 de junho de 2007
CINE BAIRRO TERMINA SEU SEGUNDO CURTA METRAGEM
RE-ESTREIA DO CURTA:
ENTRADA FRANCA